quarta-feira, 15 de junho de 2011

Treinamento Cerebral para superar drogas

Treinando o cérebro para superar as drogasO número de usuários de drogas no Brasil e no mundo é alarmante. E o pior é que o abuso de drogas pode trazer consequências dramáticas para o cérebro do viciado e ainda afetar a vida dele e de todos que o cercam.

O método tradicional de se prevenir o uso de drogas é normalmente a educação. Programas de conscientização funcionam com pessoas que conseguem vislumbrar as consequências do uso das drogas no longo prazo. Mas existem pessoas, geralmente as que são mais vulneráveis aos vícios, que não conseguem se beneficiar desses programas. Essas pessoas tendem a desvalorizar as gratificações e as punições que vão ocorrer no futuro, um comportamento conhecido como desvalorização pelo atraso. Isso as leva a optarem pela gratificação imediata, como as oferecidas pelas drogas, e ignorarem as consequências futuras, mesmo sabendo que são negativas.

Então seria possível treinar o cérebro dessas pessoas para que elas diminuíssem essa desvalorização pelo atraso? E será que isso as ajudaria a evitar as drogas e outros vícios?

A desvalorização pelo atraso é uma função cognitiva que envolve a região do córtex frontal, a região logo atrás da testa. Ela se apóia na memória de trabalho, o tipo de memória que permite ao cérebro manter ativas as representações de informações que acabaram de sair de sua frente, como um número de telefone ou a forma do objeto que você procura. Graças a ela, você tem continuidade ao lidar com o mundo e resolver problemas, sem esquecer o que estava fazendo segundos atrás.

Num artigo publicado na revista Biological Psychiatry que estudou este processo, os pesquisadores utilizaram uma abordagem emprestada da reabilitação de indivíduos que sofreram de derrame ou traumatismo craniano. Eles fizeram com que viciados em drogas desenvolvessem repetitivamente uma tarefa de memória de trabalho, exercitando seus cérebros de forma a promover um melhor desempenho desse tipo de memória.

Eles descobriram que esse tipo de treinamento melhorou a memória de trabalho e também diminuiu a desvalorização pelo atraso nesses indivíduos. Em outras palavras, o treinamento da memória de trabalho reduziu a desvalorização das gratificações e punições no longo prazo dos viciados.

Segundo especialistas, as punições legais e danos à saúde associados ao consumo de drogas podem ser insignificantes para o viciado no momento em que eles têm que decidir se vão ou não consumir a droga, pois suas mentes estão repletas da imaginação do prazer imediato.

Apesar do estudo ainda precisar ser replicado e estendido, os pesquisadores esperam que esses resultados ofereçam um novo caminho para a prevenção de vícios e resultem em novas ferramentas, baseadas no treinamento cognitivo, para o tratamento dos viciados em drogas.

Cérebro Melhor

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