segunda-feira, 4 de julho de 2011

Especial recém-nascido


Especial recém-nascido


Saiba tudo o que se está a passar com o seu bebé nesta fase da vida.



O QUE ESTÁ A SENTIR

Quando olha para o seu recém-nascido enquanto o embala, não pode deixar de pensar no quão milagroso é cuidar de um bebé. No entanto, este milagre depressa irá chocar com a sua nova realidade.

Para as mães, é muitas vezes significativa a mudança entre o momento em que sente aquele ser desconhecido pontapear e alongar-se no interior do seu ventre e o seu aparecimento enquanto pessoa totalmente separada e que tanto necessita da sua dedicação e atenção.

Para algumas, o sentimento de ligação é tão forte que quando o bebé está adoentado e chora, também sentem vontade de chorar. Para outras, as alterações hormonais a par da intensidade das emoções e do esforço podem causar uma depressão pós-parto.

Para os pais, a experiência revela-se diferente, mas não menos intensa. Aqui está ela finalmente, aquela pequena pessoa totalmente dependente de si. Poderá sentir um carinho avassalador, como nunca antes, ou um enorme sentido de responsabilidade: como conseguirei cuidar dele?

Como conseguirei mantê-lo em segurança? Poderá ainda sentir insegurança: como devo pegar-lhe ao colo e tranquilizá-lo, ou construir a minha relação com o bebé? Por fim, poderá surgir um sentimento de ciúme associado à quantidade de tempo que o bebé precisa de passar com a sua parceira.

Todas estas emoções – e muitas outras que não referimos – poderão surgir. Acrescente-lhes uma imensa falta de sono e compreenderá porque é tão importante para os novos pais serem pacientes e compreensivos para com eles próprios e um para com o outro.

ESTÁ NA HORA DE COMER

Quando amamenta, está a fazer muito mais do que fornecer alimento ao bebé. Está também a ajudá-lo a sentir-se seguro no mudo que o rodeia.

Se o bebé pudesse falar:
Neste momento, chorar é a melhor forma para mim de comunicar e é por isso que o faço com tanta frequência. Pode ser por ter a fralda suja, por precisar de miminhos ou por ter fome.

E tendo em conta a velocidade com que estou a crescer, o mais provável será mesmo estar com fome. Se achares que tenho fome, toca levemente a minha bochecha e ver-me-ás a virar automaticamente a cabeça e começar a chuchar. Por vezes, preciso de praticar a sucção.

Quando choro de fome e apareces com comida, percebo que consigo comunicar e fazer com que as coisas aconteçam! Adoro sentir-me aconchegado, que olhes para mim e fales baixinho enquanto como.

Adoro sentir-me próximo de ti. Para já, quero receber o que preciso quando preciso. Em breve, irei aprender a esperar um ou dois minutos, mas só o conseguirei se tiver a certeza que virás para tratar de mim.

O que o bebé está a aprender:
Quando satisfaz a fome do bebé, está a ajudá-lo a sentir-se calmo, o que lhe permite concentrar-se brevemente na sua mais importante tarefa – aprender como funciona o mundo à sua volta – olhando para o seu rosto, ouvindo o som da sua voz, sentindo o movimento do embalo.

Quando fala calmamente com ele e acaricia lentamente a sua cabecinha enquanto come, o bebé está a aprender que é amado e que merece ser bem tratado. Começa a entender que pode confiar na mãe e depender dela. Esta lição de confiança estabelece as bases para as relações saudáveis ao longo da sua vida.

Quando ajuda o bebé a perceber que os seus esforços para comunicar são bem sucedidos, também está a ajudar as suas capacidades linguísticas: chora quando tem fome e a mãe aparece, alimenta-o e ele sente-se melhor.

Isto constitui um incentivo para comunicar mais, em primeiro lugar através de gestos e da vocalização e, mais tarde, através das palavras. Também está a ajudá-lo a compreender as causas e os efeitos (choro e a seguir aparece a mãe ou o pai), o que lhe permite criar uma noção acerca do mundo esmagador, e sempre impressionante, que o rodeia.

O que pode fazer:
- Fale com o bebé num tom de voz tranquilizador enquanto o alimenta.
- Acaricie suavemente o seu cabelo e corpo para que possa sentir o poder calmante do toque.

RECONFORTAR O RECÉM-NASCIDO

Quando reconforta o bebé, está a ensinar-lhe que o mundo é um lugar seguro e que alguém se preocupa com os seus sentimentos. Quanto mais satisfeito se sentir, mais energia terá para estabelecer ligações com os outros e para aprender como funciona o mundo à sua volta.

Se o bebé pudesse falar:
Quando choro, nem sempre significa que estou com fome. Por vezes, choro apenas porque acho o mundo que me rodeia assustador. Outras vezes, choro para libertar tensões. A adaptação a este mundo exterior não é tarefa fácil! Sempre que choro, significa que preciso de ti.

Por favor, responde o mais depressa que puderes. À medida que me fores conhecendo, aprenderás a “ler” e a responder aos meus vários apelos, passando por diversas provas e mal-entendidos. Por vezes, nada parece resultar, mas não fico zangado contigo.

Poderei precisar de chorar um pouco para aliviar a pressão. Se o meu choro começar a perturbar-te seriamente – e isso poderá acontecer – podes colocar-me num lugar seguro durante alguns minutos ou pedir a outra pessoa que tente ajudar. Não te esqueças, estamos ambos a adaptar-nos a grandes mudanças na nossa vida.

O que o bebé está a aprender:
Ao responder rapidamente aos apelos do recém-nascido, estará a mostrar-lhe que cuidará sempre dele, e este aprende que consegue comunicar eficazmente. Não se preocupe, não estará a mimá-lo demasiado. Na realidade, vários estudos demonstraram que os bebés que recebem uma resposta rápida e sensível quando choram têm tendência para chorar menos de um modo geral porque aprenderam que recebem sempre o cuidado necessário.

Quando reconforta o bebé, está a ensinar-lhe formas de se acalmar a si próprio. Por exemplo, se os abraços o ajudam a acalmar, mais tarde poderá abraçar-se ao seu objecto de conforto (talvez um urso de peluche) para conseguir adormecer sozinho. Com o passar dos anos, a sua atenção imediata ajudá-lo-á a sentir que consegue confortar-se a si próprio e controlar-se, mesmo em situações de maior tensão.

O que pode fazer:

- Quando o seu bebé lhe “diz” que está perturbado, experimente vários métodos. Verifique se tem fome ou se precisa de arrotar. Veja a fralda. Segure-o em várias posições. Cante ou fale calmamente com ele. Aconchegue-o numa manta de bebé. Leve-o a passear no carrinho ou de carro.

- Aprenda de que forma o bebé gosta de ser reconfortado. Por exemplo, alguns bebés poderão achar opressivo o facto de falar e olhar para ele ao mesmo tempo. Poderá ter de fazer uma coisa de cada vez: olhe para o bebé sem falar, cante para ele sem estabelecer contacto visual.

Compreender os sinais do bebé
Em seguida, apresentamos um quadro com uma descrição do que as crianças aprendem nas diversas fases e do que pode fazer para ajudá-las a desenvolver essas novas capacidades. À medida que for avançando no quadro, deve lembrar-se de que cada bebé é único e que segue um padrão de crescimento e desenvolvimento próprio, ao seu ritmo.

O estabelecimento de uma relação forte e próxima com a mãe constitui a base da sua aprendizagem e do seu crescimento e desenvolvimento saudáveis. Qualquer preocupação relativa ao comportamento ou desenvolvimento do bebé merece atenção. Exponha sempre quaisquer dúvidas ao seu pediatra ou a outro profissional de confiança.

O que bebé necessita acima de tudo
Sabemos que quer dar o seu melhor de modo a ajudar o seu bebé a ter um desenvolvimento saudável. Sabemos ainda que muitos pais estão sobrecarregados com dias muito preenchidos, fazendo com que a ideia de acrescentar actividades extra para estimular o desenvolvimento do seu filho possa simplesmente parecer irrealista.

É este o poder da magia dos momentos diários. Aquilo de que o bebé mais necessita para ser feliz é de si. Nada pode substituir o que a criança aprende enquanto explora o mundo e partilha as suas descobertas durante os momentos do dia-a-dia consigo.

Esperamos que este texto lhe tenha demonstrado que a magia de ser pais não reside em nenhum brinquedo que compra nem no mais recente produto criado para tornar o seu bebé mais esperto. A magia existe na interacção diária com os pais que ajuda a criança a desenvolver capacidades fundamentais – como a confiança, a curiosidade, a colaboração e a comunicação – necessárias para conseguir aprender e ser bem-sucedido ao longo da vida.

O QUE DEVE ESPERAR ENTRE O NASCIMENTO E OS DOIS MESES

Preciso de apoio
A cabeça de um recém-nascido é grande em proporção ao resto do corpo. De facto, até os músculos do pescoço se desenvolverem nas primeiras seis semanas, o bebé não poderia de forma alguma sustentar a cabeça sozinho.

Tanto para ouvir
Os estudos demonstraram que os recém-nascidos são óptimos ouvintes. Por volta do 1º mês, conseguem associar os sons aos seus emissores e o seu som favorito acima de qualquer outro é o som da voz humana.

Tanto para ver
Durante os primeiros 2 meses, o bebé consegue concentrar-se melhor nos objectos que se encontram entre 20 e 30 centímetros dos seus olhos – a distância a que se situa o seu rosto quando está a amamentar.

Agarrar tudo
Os recém-nascidos conseguem exercer bastante força com os punhos, mas não conseguem segurar objectos intencionalmente. Agarram-se às coisas que se coloca nas palmas das suas mãos devido a um reflexo que já possuíam à nascença.

O QUE PODE FAZER

- Certifique-se de que apoia o pescoço e a cabeça sempre que o levantar ou pousar e verifique que o assento do carro e do carrinho de passeio estão colocados num ângulo que impeça a sua cabeça de cair para a frente.

- Ajude o bebé a reforçar os músculos do pescoço praticando jogos que envolvam o movimento dos olhos (e, mais tarde, da cabeça) de um lado para o outro (seguindo o movimento de um objecto) enquanto está sentado com apoio ou deitado de costas. Quando se concentra num brinquedo, desloque-o para trás e para a frente e por cima dele.

- Insista em falar com o bebé acerca de tudo. “Agora, vou tirar essa fraldinha suja”. “O papá está cheio de fome. O que vou comer?”. No entanto, não se esqueça que se o bebé virar a cabeça para o lado quando está a falar, poderá querer dizer “Silêncio, por favor.”

- Esteja atenta aos tipos de sons preferidos do bebé. Alguns recém-nascidos adoram música com fortes batimentos, enquanto outros preferem músicas mais calmas. Não tenha vergonha de cantar. Não interessa se a sua voz está afinada ou não, o bebé irá gostar dela de qualquer forma.

- Segure os brinquedos do bebé dentro do campo de visão ideal e tente encontrar brinquedos com cores contrastantes (preto e branco) e cores vivas.

- Pratiques muitos jogos de acompanhamento de objectos que envolvam deslocar lentamente um objecto de um lado para o outro enquanto fala com o bebé. Se este estiver acordado e atento, segui-lo-á com os olhos.

- Respeite os sinais enviados pelo bebé. Este dir-lhe-á quando necessita de fazer uma pausa virando a cabeça para o lado ou começando a chorar.

- Tente encontrar brinquedos que emitam sons agradáveis quando se mexem. O som irá despertar a atenção do bebé para o brinquedo e para as suas mãos.

- A segurança é uma prioridade absoluta! Certifique-se de que todos os objectos são demasiado grandes para caberem na boca do bebé.

O QUE DEVE ESPERAR DE UM BEBÉ ENTRE OS DOIS MESES E OS QUATRO MESES

Aprendo com as minhas mãos
Por volta dos 3 meses, quando os bebés percebem que as suas mãos fazem parte do seu corpo e que as conseguem controlar, têm o maior prazer em usá-las.

Dentro do meu alcance
Embora os recém-nascidos consigam agarrar os objectos que se coloca nas suas mãos, não começam realmente a tentar alcançar coisas antes de aproximadamente 3 meses, altura em que o fazem com ambas as mãos juntas.

Sempre a palrar
Entre os 3 e os 4 meses, os bebés começam a palrar com entusiasmo, e não o fariam para mais nenhuma outra pessoa que não para si. Irão evoluir das vogais abertas (ó e á) para novos sons e combinações, com os sons P, M, B e D.

O meu sorriso diz tudo
Os primeiros sorrisos do seu bebé (aqueles que reproduz no seu sono) são reacções de reflexo do seu jovem sistema nervoso. No entanto, por volta dos 2 meses, ele tem um sorriso muito especial só para si que reflecte de forma genuína o seu amor por si.

O QUE PODE FAZER

- Dê ao seu bebé a oportunidade de segurar, agarrar, puxar e abanar objectos seguros.

- Assim que o bebé desenvolver o controlo das mãos, será de esperar que leve tudo o que tiver nas mesmas até à boca. Certifique-se de que os objectos que segura estão limpos e de que são demasiado grandes para caberem inteiramente na boca do bebé.

- Deite o bebé sobre as costas e segure um brinquedo de cores vivas sobre o seu peito, ao alcance dos seus braços. Ele adorará tentar agarrá-lo com ambas as mãos e levá-lo até à cara para examiná-lo de mais perto.

- Fale com o bebé enquanto este tenta alcançar os objectos. Incentive-o, mesmo nesta idade, pois adorará saber que os seus esforços são apreciados. - Quando o bebé palra para si, não palre de volta. Fale com ele como se pudesse entender cada uma das suas palavras. Muito antes de pronunciar a sua primeira palavra a sério, já entenderá centenas delas graças a essas conversas precoces.

- Tome especial atenção ao ritmo do palrar do seu bebé. Se palrar e em seguida parar, significa que está à espera da sua resposta. Quando disser algo e depois parar, o bebé dará seguimento. É desta forma que os bebés aprendem a arte de conversar.

- Obviamente, não será necessário dizer-lhe que deve sorrir para o bebé sempre que este sorrir para si! O que podemos dizer é que a troca de sorrisos é a forma de brincar mais precoce e que prepara o terreno para uma vida cheia de relações de afecto.

- Quando lhe apetecer brincar, faça-lhe a vontade. Sopre levemente sobre a sua barriguinha, brinque ao “Cucu!”, emita sons divertidos e espere ver um sorriso desdentado. Se o bebé não estiver com disposição para sorrisos, poderá significar que está na hora do miminho ou de fazer uma sesta.



Conteúdos da responsabilidade de Johnson & Johnson.
As informações contidas nestes conteúdos são para conhecimento geral e não pretendem susbstituir a consulta de um profissional de saúde

Agressividade infantil


Agressividade infantil


Causa ou consequência?



Existem factores familiares e de contexto escolar que intervêm na agressividade infantil, um problema que pode começar desde tenra idade e assumir contornos preocupantes conforme as crianças vão crescendo. A Dr.ª Rita Antunes, psicóloga do desenvolvimento da Clínica Cuf Torres Vedras, ajuda-nos a perceber como se manifesta este problema e de que forma os pais e os professores o podem minimizar.

Quando se pode manifestar a agressividade infantil?
Os comportamentos agressivos na infância podem manifestar-se numa idade precoce. Embora na idade escolar ou seja, a partir dos 6/7 anos, se manifestem e observem um maior número de casos de agressividade, existem também já diversos estudos nomeadamente, a nível internacional, que apontam a idade pré-escolar como uma fase onde poderão já ocorrer este tipo de comportamentos e que se poderão tender a agravar caso se mantenham e consolidem ao longo das várias etapas de desenvolvimento das crianças.
Neste contexto, e para alémda variável agressividade infantil e do factor idade, os pais, educadores e professores deverão estar também particularmente atentos ao contexto em que surge o comportamento agressivo (quais as causas e as consequências do comportamento para a criança), ao meio familiar e ao meio escolar em que a criança se encontra inserida (quais os estilos educativos; quais as dinâmicas e comportamentos familiares; quais os padrões educacionais na escolar). Todas estas variáveis são extremamente importantes para aferirmos tratar-se de um acto isolado de agressividade e que se possa considerar comum à fase de desenvolvimento em que a criança se encontra ou se pelo contrário, se observamos tratar-se de um comportamento intencional, repetitivo e entre crianças onde exista uma relação de desequilíbrio de poder (agressor vs vítima).

Em idade pré-escolar, a criança tende a usar mais a agressividade quanto maior for o desejo de ter controlo sobre o outro e/ou sobre alguma coisa

Nas crianças em idade pré-escolar, quais os sinais de alerta de potenciais jovens agressores?
A idade pré-escolar assume cada vez mais um papel de relevo nomeadamente no que concerne à prevenção de comportamentos agressivos que poderão assumir contornos mais graves ao longo do desenvolvimento infantil.
No entanto, existem comportamentos que são típicos desta fase do desenvolvimento e que não devem ser confundidos com o conceito de agressividade infantil. Até aos 2/3 anos de idade, muitas vezes a criança não consegue verbalizar e explicar as suas angústias e frustrações, pelo que, quando quer chamar a atenção de alguém (como por exemplo, para conseguir o brinquedo com que outra criança está a brincar) poderá assumir uma atitude mais impulsiva e agressiva, tal como puxar, bater ou morder. Mas isso não quer dizer que a criança seja agressiva; pelo contrário, é a maneira que ela encontra para conseguir demonstrar o que quer e/ou o que sente.
Em idade pré-escolar, a criança tende a usar mais a agressividade quanto maior for o desejo de ter controlo sobre o outro e/ou sobre alguma coisa/objecto e uma vez que, não consegue mobilizar outro tipo de recursos, utiliza as mais diversas formas de agressividade directa.
Nestas situações sugere-se ao adulto, sempre que intervenha na situação, que o faça tentando não se demonstrar ansioso ou inseguro pois, poderá causar ainda maior ansiedade na criança. Pelo contrário, deve tentar, de uma forma clara, objectiva, num tom de voz calmo e seguro, demonstrar “como” e “porque” é que o comportamento foi inadequado.
A partir dos 4/6 anos, a criança já se encontra mais disponível para socializar, para se relacionar com outras crianças e então, já é típico observarmos o início da formação de alguns grupinhos de crianças em detrimento de outras, a escolha das mesmas crianças sempre para as mesmas brincadeiras, deixando outras de parte. Denota-se ainda a troca de algumas provocações entre eles e, neste período, os pais e educadores deverão estar mais atentos para que este tipo de comportamento não se replique e consolide pois será muito mais difícil intervir de forma a reajustá-lo mais tarde.

Existem diversos estudos nomeadamente, a nível internacional, que apontam a idade pré-escolar como uma fase onde poderão já ocorrer este tipo de comportamentos

Quais as causas deste comportamento?
Os comportamentos agressivos na infância têm diversas causas sendo considerados multicausais e, acima de tudo, multifactoriais uma vez que, existem inúmeros factores de risco associados. Neste sentido e, para além de todas as suas características individuais da criança (temperamento, impulsividade, ausência de auto-controlo) são de salientar os dois contextos privilegiados durante o desenvolvimento da criança: o contexto familiar e o contexto escolar.
Do ponto de vista do contexto familiar, os estilos, as estratégias educativas e as competências parentais são factores de extrema relevância.
Concretizando, poderemos pensar por exemplo num estilo educativo mais permissivo, em que a criança pela não interiorização de regras e dos limites para os seus comportamentos poderá assumir mais facilmente atitudes impulsivas que quando contrariadas poderão despoletar em comportamentos agressivos (dificuldade em lidar como “não). Em contraponto, poderemos considerar também um contexto socio familiar em que a criança se sinta privada de afectividade (ausência de competências emocionais e afectivas dos progenitores), o que consequentemente aumentará a probabilidade da criança desenvolver dificuldades várias em ser empática, em se conseguir colocar no lugar do outro, assumindo assim mais facilmente o papel de agressor nas diversas interacções sociais.

Do ponto de vista do contexto familiar, os estilos, as estratégias educativas e as competências parentais são factores de extrema relevância

De que forma é que o contexto escolar influi a agressividade?
No contexto escolar devemos considerar igualmente inúmeros factores nomeadamente, a qualidade das interacções com diferentes crianças, a capacidade de adaptação a situações adversas e o tipo de brincadeiras adoptadas durante os recreios. Existem por exemplo, brincadeiras que poderão potenciar a ocorrência de comportamentos mais agressivos e/ou perpetuar a supremacia de uma criança sobre as restantes (aquele que assume sempre a postura de “líder” da brincadeira, do jogo). Por outro lado, poderão ocorrer situações em que o relacionamento com outro colega aumente os seus níveis de irritabilidade e de frustração (por não conseguir alcançar aquilo que quer), propiciando assumir atitudes irreflectidas e de maior agressividade.
Por outro lado, a não supervisão de um adulto (professores, educadores ou auxiliares) para intervir após a ocorrência imediata de um comportamento agressivo (seja dentro da sala de aula, seja no recreio) poderá privilegiar a repetição deste tipo de interacções negativas e agressivas.Na realidade e de acordo com os diversos investigadores da área, no campo da agressividade infantil, são inúmeras as variáveis que interagem entre si influenciando-se mutuamente, podendo nas mais diversas situações aumentar a ocorrência e a incidência de comportamentos agressivos não sendo, por isso, possível considerar-se qualquer tipo de relação causal simples (causa vs efeito; situação “x” vs comportamento agressivo “y”).
Por fime na sequência dos vários exemplos supracitados é ainda de salientar que, a agressividade infantil enquanto uma área de extrema complexidade e relevância ao longo de todo o desenvolvimento infantil, implica indubitavelmente que o caso de cada criança seja analisado individualizadamente, quer pelos pais, quer pelos educadores, professores bem como, por todos os profissionais de saúde envolvidos.

Um dos aspectos mais importantes a trabalhar no caso das vítimas é intervindo na sua auto-estima, os seus níveis de auto-confiança e auto-conceito e as competências relacionais e sociais

Que tipo de intervenção deve existir tanto para quem é vítima como para o agressor?
Um dos aspectos mais importantes a trabalhar no caso das vítimas é intervindo ao nível da auto-estima, da auto-confiança e do auto-conceito e das competências relacionais e sociais. As capacidades de autonomia e de auto-afirmação da criança e o facto de saber que pode falar com os adultos (que pode desabafar e confiar neles) são áreas de intervenção de igual importância.
Deve privilegiar-se também o trabalho com pais e professores/educadores para uma melhor preparação e atenção a possíveis sinais de agressividade infantil ou até mesmo, nos casos de bullying. Na escola, devem privilegiar-se, sobretudo as dinâmicas de grupo dentro das turmas para promover a coesão do grupo bem como, a atribuição de papéis/tarefas de referência antecipando que a criança/jovem conseguirá alcançar os resultados desejados e, investir também em actividades de ocupação de tempos livres em que possam obter sucesso e criar novas relações positivas (teatro, dança, pintura, etc.). No caso dos agressores, é extremamente importante incidir sobre as questões relacionadas com a empatia, trabalhando a capacidade de se colocar no lugar do outro e recorrendo a diversas metodologias como jogos pedagógicos que favorecem as interacções positivas (em casa e/ou na escola) e os trabalhos de grupo para potenciar a criação de um espírito de grupo. Outra área igualmente importante está relacionada a gestão de stress por parte dos agressores e com as dificuldades que demonstram ao serem confrontados com um “não” ou com situações frustrantes (situações em que não consigam alcançar os seus objectivos e em que acabam por perder o auto-controlo, passando mais facilmente à acção).

"No caso dos agressores, é extremamente importante incidir sobre as questões relacionadas com a empatia, trabalhando a capacidade de se colocar no lugar do outro e recorrendo a diversas metodologias como jogos pedagógicos que favorecem as interacções positivas e os trabalhos de grupo para potenciar a criação de um espírito de grupo”

Sapo-familia

Agressividade infantil


Agressividade infantil


Causa ou consequência?



Existem factores familiares e de contexto escolar que intervêm na agressividade infantil, um problema que pode começar desde tenra idade e assumir contornos preocupantes conforme as crianças vão crescendo. A Dr.ª Rita Antunes, psicóloga do desenvolvimento da Clínica Cuf Torres Vedras, ajuda-nos a perceber como se manifesta este problema e de que forma os pais e os professores o podem minimizar.

Quando se pode manifestar a agressividade infantil?
Os comportamentos agressivos na infância podem manifestar-se numa idade precoce. Embora na idade escolar ou seja, a partir dos 6/7 anos, se manifestem e observem um maior número de casos de agressividade, existem também já diversos estudos nomeadamente, a nível internacional, que apontam a idade pré-escolar como uma fase onde poderão já ocorrer este tipo de comportamentos e que se poderão tender a agravar caso se mantenham e consolidem ao longo das várias etapas de desenvolvimento das crianças.
Neste contexto, e para alémda variável agressividade infantil e do factor idade, os pais, educadores e professores deverão estar também particularmente atentos ao contexto em que surge o comportamento agressivo (quais as causas e as consequências do comportamento para a criança), ao meio familiar e ao meio escolar em que a criança se encontra inserida (quais os estilos educativos; quais as dinâmicas e comportamentos familiares; quais os padrões educacionais na escolar). Todas estas variáveis são extremamente importantes para aferirmos tratar-se de um acto isolado de agressividade e que se possa considerar comum à fase de desenvolvimento em que a criança se encontra ou se pelo contrário, se observamos tratar-se de um comportamento intencional, repetitivo e entre crianças onde exista uma relação de desequilíbrio de poder (agressor vs vítima).

Em idade pré-escolar, a criança tende a usar mais a agressividade quanto maior for o desejo de ter controlo sobre o outro e/ou sobre alguma coisa

Nas crianças em idade pré-escolar, quais os sinais de alerta de potenciais jovens agressores?
A idade pré-escolar assume cada vez mais um papel de relevo nomeadamente no que concerne à prevenção de comportamentos agressivos que poderão assumir contornos mais graves ao longo do desenvolvimento infantil.
No entanto, existem comportamentos que são típicos desta fase do desenvolvimento e que não devem ser confundidos com o conceito de agressividade infantil. Até aos 2/3 anos de idade, muitas vezes a criança não consegue verbalizar e explicar as suas angústias e frustrações, pelo que, quando quer chamar a atenção de alguém (como por exemplo, para conseguir o brinquedo com que outra criança está a brincar) poderá assumir uma atitude mais impulsiva e agressiva, tal como puxar, bater ou morder. Mas isso não quer dizer que a criança seja agressiva; pelo contrário, é a maneira que ela encontra para conseguir demonstrar o que quer e/ou o que sente.
Em idade pré-escolar, a criança tende a usar mais a agressividade quanto maior for o desejo de ter controlo sobre o outro e/ou sobre alguma coisa/objecto e uma vez que, não consegue mobilizar outro tipo de recursos, utiliza as mais diversas formas de agressividade directa.
Nestas situações sugere-se ao adulto, sempre que intervenha na situação, que o faça tentando não se demonstrar ansioso ou inseguro pois, poderá causar ainda maior ansiedade na criança. Pelo contrário, deve tentar, de uma forma clara, objectiva, num tom de voz calmo e seguro, demonstrar “como” e “porque” é que o comportamento foi inadequado.
A partir dos 4/6 anos, a criança já se encontra mais disponível para socializar, para se relacionar com outras crianças e então, já é típico observarmos o início da formação de alguns grupinhos de crianças em detrimento de outras, a escolha das mesmas crianças sempre para as mesmas brincadeiras, deixando outras de parte. Denota-se ainda a troca de algumas provocações entre eles e, neste período, os pais e educadores deverão estar mais atentos para que este tipo de comportamento não se replique e consolide pois será muito mais difícil intervir de forma a reajustá-lo mais tarde.

Existem diversos estudos nomeadamente, a nível internacional, que apontam a idade pré-escolar como uma fase onde poderão já ocorrer este tipo de comportamentos

Quais as causas deste comportamento?
Os comportamentos agressivos na infância têm diversas causas sendo considerados multicausais e, acima de tudo, multifactoriais uma vez que, existem inúmeros factores de risco associados. Neste sentido e, para além de todas as suas características individuais da criança (temperamento, impulsividade, ausência de auto-controlo) são de salientar os dois contextos privilegiados durante o desenvolvimento da criança: o contexto familiar e o contexto escolar.
Do ponto de vista do contexto familiar, os estilos, as estratégias educativas e as competências parentais são factores de extrema relevância.
Concretizando, poderemos pensar por exemplo num estilo educativo mais permissivo, em que a criança pela não interiorização de regras e dos limites para os seus comportamentos poderá assumir mais facilmente atitudes impulsivas que quando contrariadas poderão despoletar em comportamentos agressivos (dificuldade em lidar como “não). Em contraponto, poderemos considerar também um contexto socio familiar em que a criança se sinta privada de afectividade (ausência de competências emocionais e afectivas dos progenitores), o que consequentemente aumentará a probabilidade da criança desenvolver dificuldades várias em ser empática, em se conseguir colocar no lugar do outro, assumindo assim mais facilmente o papel de agressor nas diversas interacções sociais.

Do ponto de vista do contexto familiar, os estilos, as estratégias educativas e as competências parentais são factores de extrema relevância

De que forma é que o contexto escolar influi a agressividade?
No contexto escolar devemos considerar igualmente inúmeros factores nomeadamente, a qualidade das interacções com diferentes crianças, a capacidade de adaptação a situações adversas e o tipo de brincadeiras adoptadas durante os recreios. Existem por exemplo, brincadeiras que poderão potenciar a ocorrência de comportamentos mais agressivos e/ou perpetuar a supremacia de uma criança sobre as restantes (aquele que assume sempre a postura de “líder” da brincadeira, do jogo). Por outro lado, poderão ocorrer situações em que o relacionamento com outro colega aumente os seus níveis de irritabilidade e de frustração (por não conseguir alcançar aquilo que quer), propiciando assumir atitudes irreflectidas e de maior agressividade.
Por outro lado, a não supervisão de um adulto (professores, educadores ou auxiliares) para intervir após a ocorrência imediata de um comportamento agressivo (seja dentro da sala de aula, seja no recreio) poderá privilegiar a repetição deste tipo de interacções negativas e agressivas.Na realidade e de acordo com os diversos investigadores da área, no campo da agressividade infantil, são inúmeras as variáveis que interagem entre si influenciando-se mutuamente, podendo nas mais diversas situações aumentar a ocorrência e a incidência de comportamentos agressivos não sendo, por isso, possível considerar-se qualquer tipo de relação causal simples (causa vs efeito; situação “x” vs comportamento agressivo “y”).
Por fime na sequência dos vários exemplos supracitados é ainda de salientar que, a agressividade infantil enquanto uma área de extrema complexidade e relevância ao longo de todo o desenvolvimento infantil, implica indubitavelmente que o caso de cada criança seja analisado individualizadamente, quer pelos pais, quer pelos educadores, professores bem como, por todos os profissionais de saúde envolvidos.

Um dos aspectos mais importantes a trabalhar no caso das vítimas é intervindo na sua auto-estima, os seus níveis de auto-confiança e auto-conceito e as competências relacionais e sociais

Que tipo de intervenção deve existir tanto para quem é vítima como para o agressor?
Um dos aspectos mais importantes a trabalhar no caso das vítimas é intervindo ao nível da auto-estima, da auto-confiança e do auto-conceito e das competências relacionais e sociais. As capacidades de autonomia e de auto-afirmação da criança e o facto de saber que pode falar com os adultos (que pode desabafar e confiar neles) são áreas de intervenção de igual importância.
Deve privilegiar-se também o trabalho com pais e professores/educadores para uma melhor preparação e atenção a possíveis sinais de agressividade infantil ou até mesmo, nos casos de bullying. Na escola, devem privilegiar-se, sobretudo as dinâmicas de grupo dentro das turmas para promover a coesão do grupo bem como, a atribuição de papéis/tarefas de referência antecipando que a criança/jovem conseguirá alcançar os resultados desejados e, investir também em actividades de ocupação de tempos livres em que possam obter sucesso e criar novas relações positivas (teatro, dança, pintura, etc.). No caso dos agressores, é extremamente importante incidir sobre as questões relacionadas com a empatia, trabalhando a capacidade de se colocar no lugar do outro e recorrendo a diversas metodologias como jogos pedagógicos que favorecem as interacções positivas (em casa e/ou na escola) e os trabalhos de grupo para potenciar a criação de um espírito de grupo. Outra área igualmente importante está relacionada a gestão de stress por parte dos agressores e com as dificuldades que demonstram ao serem confrontados com um “não” ou com situações frustrantes (situações em que não consigam alcançar os seus objectivos e em que acabam por perder o auto-controlo, passando mais facilmente à acção).

"No caso dos agressores, é extremamente importante incidir sobre as questões relacionadas com a empatia, trabalhando a capacidade de se colocar no lugar do outro e recorrendo a diversas metodologias como jogos pedagógicos que favorecem as interacções positivas e os trabalhos de grupo para potenciar a criação de um espírito de grupo”

Sapo-familia