terça-feira, 21 de junho de 2011

Estágios do Desenvolvimento Cognitivo

Piaget estudou o desenvolvimento cognitivo da criança e, segundo este autor, a inteligência constrói-se progressivamente ao longo do tempo, por estádios ou etapas constantes e sequenciais, ou seja, de ordem invariável.

Defende uma posição construtivista/interaccionista: as estruturas do pensamento são produto de uma construção contínua do sujeito que age e interage com o meio, tendo um papel activo no seu próprio desenvolvimento cognitivo.

Esquemas de Aprendizagem: categorias mentais que organizam a relação sujeito/meio e as experiências. São muito importantes para a aquisição de conhecimentos.

  • No inicio da vida: Esquemas reflexos inatos (movimentos reflexos. Ex.: sucção)
  • Mais tarde: Aprendizagem:
    • Adaptação: construção de novos esquemas que resultam da
      • Assimilação (processo adaptativo que consiste em incorporar novas informações nos esquemas existentes) e da
      • Acomodação (processo adaptativo que consiste em ajustar os esquemas existentes a novas situações; alteramos os esquemas de maneira a assimilar novas informações).
      • Equilibração, mecanismo regulador da assimilação e acomodação que permite a adaptação do indivíduo ao meio, permitindo uma progressão no sentido de um pensamento cada vez mais complexo.
  • Esquemas já existentes: usados para adquirir novos conhecimentos e aplicá-los a todos os objectos.

Os estágios de Desenvolvimento Cognitivo de Piaget, dividem-se em:

  1. Sensio-motor (0-2 anos);
  2. Pré-operatório (0-7 anos);
  3. Periodo das operações concretas;
  4. Periodo das Operações formais;

Sensio-motor (0 – 2anos)

A inteligência da criança baseia-se nas capacidades preceptoras, de acção, e dos comportamentos dos outros.

Noção de uma realidade que não depende de si. Desenvolve a noção da existência dos objectos, de causa, de espaço.

  • Objecto permanente – compreensão de que os objectos existem mesmo quando n estão à vista (ocorre aos 9meses)
  • Surgimento da intencionalidade – age com o objectivo de chegar a um fim. Para isso e necessário a distinção causa - efeito.
  • Divide-se em 6 fases:
    1. Actividade Reflexa;
    1. Fase das reacções circulares primárias;
    1. Fase das reacções circulares secundárias;
    1. Coordenação das reacções circulares secundárias;
    1. Fase das reacções circulares terciárias;
    1. Resolve problemas de deslocamentos invisíveis.
  • Espaço contínuo (dos 18 aos 24 meses) – torna-se num espaço representativo. O espaço contem a própria criança e não existe além dela.
  • Tempo objectivo e representatividade – numa primeira fase passa algum tempo ligado as sensações corporais (se tem fome o tempo nunca mis passa). No entanto, uma criança, numa sequência começa a ter noção do tempo se for ela a iniciar essa sequência.
  • Casualidade objectiva e representativa – está ligado à acção da criança. Passa para uma causalidade magicofenomenista; um pouco subjectiva, tornando-se objectiva (há uma causa e perante um evento ela sabe se o provocou mesmo sem o ter visto)

Estágio Pré-operatório (2 aos 7 anos)

  • As acções são interiorizadas e passam a constituir as operações.
  • Existem três tipos de argumentos que dão conta das conservações:
    - Identidade - Ex.: não se tirou nem se acrescentou, continua a mesma quantidade.
    - Reversibilidade – Ex.: foi esticada, agora pode-se fazer a bolinha outra vez.
    - Compensação – Ex.: Está esticada, parece mais comprido porém é mais fininha.
  • Representação mental – mecanismo de resposta pelo aparecimento, criar imagens mentais na ausência do objecto ou da acção, é o período da fantasia
    • Surge o pensamento e a função simbólica (através da utilização de símbolos) ou simiótica ( através de utilização de signos) que permite o surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização etc.
  • Os objectos existem para a criança na medida em que servem para algo e em função da utilização que a criança lhe dá
  • Pensamento simbólico – não é capaz de raciocínio lógico.
  • Egocentrismo intelectual – acredita que a realidade é aquilo que ela quer. A criança não consegue assumir o papel ou o ponto de vista do outro.
  • Incapacidade de Descentração: Tende a centrar a atenção em um aspecto mais saliente do objecto de seu raciocínio, em detrimento dos demais aspectos.
  • Representação versus significação
    • Significação – parte da capacidade de assimilação através dos significados e dos significantes.
    • Representação é a capacidade de diferenciar e coordenar os significados e os significantes.
  • Significados – acções, objectos
  • Significantes:
    • diferenciados: signos ou símbolos
    • indiferenciados: resultado causal

  • É nesta fase que surge, na criança, a capacidade de substituir um objecto ou acontecimento por uma representação e esta substituição é possível, graças à função simbólica.
Operações mentais

Passas das operações pré operatórias para as operações lógicas (formas de transformação)

Noções de conservação

Física:

  • Substancia (7anos)
  • Peso (8/9 anos)
  • Volume (10/11 anos)

Espaciais:

  • Comprimento
  • Superfície
  • Volume espacial

Operações lógico matemáticas – aplica-se a quantidades descontínuas

  • Classificação
    • Assimilação de objectos em função das suas semelhanças
    • Agrupam objectos em função de qualquer semelhança, chegando a subconjuntos
    • Constroem classificações hierárquicas
  • Seriação (agrupamento de relações)
    • Não é capaz de construir uma serie escalada – ausencia de seriação
    • Seriação empírica – ainda não é capaz de uma orneção correcta mas já se aproxima
    • Seriação sistematica ou operatória – coloca a menor de todas depois a seguinte e por aí a diante.
  • Enumeração e construção do numero inteira: implica a classificação e a seriação
    • A quantidade é avaliada pelo comprimento
    • Quando a correspondência de uma construção é atingida implica a equivalência, apesar de puder haver modificações na configuração.

Operações infra-lógicas – aplica-se a quantidades contínuas

  • Espaço (espacial)
  • Tempo (métricas)
  • Velocidade

Operações projectivas: quando a sombra de um objecto é projectada a criança não é capaz de perceber que dependendo da rotação do objecto a sombra será diferente e, se pedido para representá-la-á na forma real do objecto.

Operações de medida espacial: capacidade de analisar o tamanho do espaço. Desenvolvimento do conceito de medir

Operações transitivas: Quando são capazes de deixar de se basear no corpo do objecto (ex: qd tiram as mediadas com as mãos)

  • A=B
  • B=C
  • A=C

Classificação: a noção de inclusão baseia-se na noção que a criança tem que o objecto que utilizou para medir o espaço está incluído no todo a medir.

Operações temporais: adquiridos após o desenvolvimento da capacidade de raciocínio

Operações de ordem: implica a capacidade de organização dos eventos com a verdadeira ordem de ocorrência (ex: quando estão sentados no tapete e lhes é pedido que contem o que aconteceu no seu fim-de-semana)

Operações de participação e de encaixo: exactamente o que acontece nas de ordem mas nesta fase a criança tem que formar parcelas de tempo e definir acontecimentos precisos.

  • Operações métricas: tal como as operações de medida espacial, selecciona uma unidade de tempo menor para medir um espaço de tempo maior e define-o.

Velocidade: uso simultâneo de tempo e de espaço

Operações cinéticas

  • Ordinais- quem chega primeira independentemente se utilizou corta-matos.
    • Não dão devida importância ao percurso porque o que importa é a altura da ultrapassagem
  • Métricas: relaciona o espaço percorrido com o tempo de duração do movimento
    • Juízo avaliativo das velocidades: quando são capazes de compreender que o que vai mais rápido tem maiores possibilidades de chegar primeiro

Período das Operações Formais

Do ponto de vista da capacidade de pensar, o pensamento não se restringe apensas a saber o objecto mas a pensar o objecto, isto acontece quando objecto é apreendido e faz parte do pensamento. Há uma evolução no uso da lógica dedutiva e indutiva.

Pensamento formal: hipotético dedutivo – passa do plano do objecto material para as ideias (lógica das proposições)

A estrutura das operações proporcionais resulta da:
  • Combinatória: combinação de objectos ou combinação de ideias
  • INRC: ajuste às várias situações
    • I: idêntica
    • N: inversa (ou negação)
    • R: recíproca (ou simétrica)
    • C: correlativa (ou negação da recíproca)
Raciocinio indutivo: quando testam todas as possibilidades para chegar a uma conclusão.