sábado, 29 de outubro de 2011


Estudos recentes ajudam a melhor entender a dislexia

Estudos recentes ajudam a melhor entender a dislexiadislexia é o transtorno de aprendizagem com maior incidência nas salas de aula. Trata-se de um transtorno específico e persistente da leitura e da escrita, caracterizado por um inesperado e substancial baixo desempenho da capacidade de ler e escrever, apesar da adequada instrução formal recebida, da normalidade do nível intelectual e da ausência de déficits sensoriais. Pesquisas realizadas em vários países mostram que entre 5% e 17% da população mundial é disléxica.
O grande impacto desse transtorno na população tem motivado diversos estudos sobre o assunto e algumas pesquisas recentes, como um estudo sobre a dificuldade dos disléxicos de associarem as pessoas às suas vozes, têm ajudado a compreender melhor a sua causa. Novas evidências têm demonstrado que o nível de QI (Quociente de Inteligência) não deve ser considerado para o diagnóstico da dislexia e também estão conduzindo a novas técnicas para o diagnóstico precoce através do uso de neuroimagem.
Como foi mencionado anteriormente, a definição generalizada da dislexia considera que os disléxicos possuem um nível intelectual dentro da normalidade, mas pesquisadores da Universidade de Stanford, nos EUA, comprovaram que pessoas com dificuldade de leitura possuem o mesmo padrão de ativação cerebral, independente do nível de QI. Essa descoberta oferece evidência biológica de que o QI não deve ser enfatizado no diagnóstico de habilidades de leitura, contradizendo a prática comum de utilizar o QI como fator auxiliar para definir e diagnosticar a dislexia.
Para entender melhor o que acontece nos cérebros de pessoas com baixa habilidade de leitura e sua relação com o nível de QI, os pesquisadores se voltaram para recursos de imagem, a ressonância magnética funcional. Para isso eles avaliaram um grupo de 131 crianças com idades entre 7 e 16 anos classificados em três grupos: fraca leitura com QI normal, fraca leitura com baixo QI, e leitura normal com QI normal. Os grupos foram submetidos a um teste envolvendo rimas enquanto passavam pela ressonância magnética.
Os resultados mostraram que os dois grupos de crianças com fraca leitura tiveram um desempenho parecido no teste de rimas, porém muito inferior ao do grupo de crianças com leitura normal. E as imagens indicaram que os padrões cerebrais dos grupos de fraca leitura eram também parecidos na maior parte do tempo, ao contrário do grupo com leitura normal.
Os pesquisadores ressaltam que essa descoberta soma a diversas outras evidências que indicam que uma criança com dificuldade na leitura, independentemente do seu nível de QI, deve ser estimulada a procurar intervenção específica para leitura. Esses novos resultados chegam num momento em que estudos comportamentais recentes mostram que as dificuldades no processamento do sistema sonoro da linguagem, que geralmente leva a dificuldades para conectar os sons da linguagem às letras, são similares em pessoas com baixa habilidade de leitura, independentemente do QI.
Isso fica mais claro em outro estudo recente, que descobriu que pessoas com dislexia têm dificuldade para distinguir pessoas pelas suas vozes. Isso se deve à dificuldade do disléxico de reconhecer as diferenças fonéticas, as propriedades físicas da fala que torna exclusiva a voz de uma pessoa, independentemente do idioma. A causa provável é que eles sofrem de comprometimento fonológico.
Para chegar a essa descoberta, os cientistas do MIT, nos EUA, treinaram pessoas com e sem dislexia para reconhecer as vozes de pessoas falando seus idiomas nativos, no caso o inglês, e também um idioma desconhecido deles, o mandarim. Em cada idioma, os participantes aprenderam a associar as vozes dos falantes a personagens diferentes e depois foram testados na habilidade de identificar corretamente as vozes.
Os cientistas descobriram que os disléxicos eram significativamente piores em consistentemente reconhecer as vozes no idioma inglês, porém eram tão ruins quanto os não disléxicos em reconhecer as vozes no idioma chinês.
O resultado reafirma a teoria de que o déficit da dislexia não está no ato da leitura em si, mas na verdade envolve dificuldades de como os sons da língua falada são ouvidos e processados no cérebro do disléxico. Porém, o que as teorias sobre dislexia ainda não foram capazes de explicar convincentemente, de acordo com os pesquisadores, é por que não há dificuldade aparente na habilidade das pessoas com dislexia de perceber e produzir a fala.
Muitas pesquisas demonstram que pessoas com dislexia têm mais dificuldade de compreender a fala quando existe ruído ao redor. Esses resultados sugerem que a dificuldade de se seguir uma voz específica pode ser parte da causa. Então, professores e demais educadores devem ser sensíveis a isso durante as suas aulas, uma vez que o barulho dos outros alunos pode tornar desproporcionalmente difícil para alunos disléxicos acompanharem o que está sendo ensinado.
Apesar de a dislexia ser uma condição hereditária, segundo o Instituto ABCD, o disléxico responde às intervenções terapêuticas e educacionais específicas, mesmo que lentamente. Somente com intervenções adequadas pode-se melhorar o desempenho em leitura e escrita, que também podem ser beneficiadas por diversos fatores facilitadores como a precocidade do diagnóstico, e o ambiente familiar e escolar.

sábado, 15 de outubro de 2011

Dislexia: saiba mais sobre o distúrbio



Em entrevista exclusiva à CRESCER, Hélio Magri Filho, autor do livro Sou Disléxico e Daí? (Ed. M. Books, R$ 29) e membro da Associação Brasileira de Dislexia, conta as dificuldades que enfrentou durante a infância antes de descobrir que era disléxico. Ele alerta os pais sobre os primeiros sinais que a criança demonstra e a melhor forma de lidar e tratar o distúrbio


CRESCER: Quais foram as principais dificuldades que você enfrentou quando era criança?
Hélio Magri Filho: Tive muita dificuldade para aprender e me comportar. Na escola, a leitura era um enorme problema. Não conseguia decodificar símbolos e sons nem coordenar o esforço necessário para desenhar as letras. Os números também representavam um amontoado de incógnitas sem significado. Isso afetou as minhas relações de amizade e com a minha família. Com tanta discriminação, perdi a confiança em mim e minha autoestima foi parar lá embaixo. Talvez, esse seja o maior problema que uma criança disléxica vai enfrentar durante a vida. Se não entendemos quem somos, como poderemos entender a vida como ela é? Como tudo na vida parece ter sempre um jeito, eu criava estratégias para lidar com números, evitava leituras em voz alta, alegava sempre algum mal estar súbito e outras tantas desculpas.

C: Quando você descobriu que tinha dislexia?
H.M.F.: Nos anos da ditadura saí do Brasil e fui morar no exterior. Em alguns países, os recursos são mais disponíveis, mas só aos 40 anos consegui dar nome à minha dificuldade existencial – fui diagnosticado como portador de TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperartividade), do tipo desatento, discalculia e dislexia.

C. Qual foi a atitude de seus pais?
H.M.F.: Meus pais, e acho que seja o caso da maioria deles, não entendiam e não aceitavam que isso pudesse ser alguma coisa além de preguiça. Por isso, o sofrimento – e a frustração - deles foi grande.

C: A partir de que idade uma criança começa a apresentar os primeiros sinais de dislexia? Quais são eles?
H.M.F.: A dislexia pode ser identificada nos primeiros anos escolares, após a criança ser alfabetizada. É importante que o diagnóstico seja feito o quanto antes para aumentar as chances de superar ou conviver melhor com os sintomas. Os principais sinais são dificuldade em fazer cálculos mentais, em organizar tarefas, lidar com noções de tempo e espaço. O aprendizado de ler e escrever é inconstante, assim como a dificuldade com os sons das palavras e soletração. Na hora de escrever, é comum haver trocas, omissões, junções e aglutinações de fonemas; além de fácil dispersão.

C: O que os pais devem observar no comportamento das crianças quando começam a desconfiar que ela pode ter dislexia?
H.M.F.: Na maioria dos casos de dislexia confirmados no mundo, as famílias apresentam histórico de problemas. Podem ser os pais, mães, avôs, avós, tios e até mesmo primos. O cérebro dos disléxicos é normal, mas processa informações em área diferentes daquelas usadas pelo cérebro de um não-disléxico. Portanto, de modo geral, se seu filho demonstra dificuldades em aprender alguma coisa, se você acha que ele está demorando muito a aprender a pronunciar palavras, ou que o desempenho dele deixa muito a desejar, não só o escolar, mas nas atividades em geral, observe-o com mais atenção.

C: Como é o tratamento da dislexia?
H.M.F.: Existem basicamente dois métodos de tratamento: o multissensorial e o fônico. Enquanto o método multissensorial é mais indicado para crianças mais velhas, que já possuem histórico de fracasso escolar, o método fônico deve começar logo no início da alfabetização. O mais importante é procurar ajuda especializada, como um psicólogo infantil, assim que perceber os primeiros sintomas.

Fonte site Crescer
Por Bruna Menegueço

Descoberto novo alvo de medicamentos para Alzheimer e AVC

Descoberto novo alvo de medicamentos para Alzheimer e AVC: Cientistas identificaram um novo receptor no cérebro que pode ser usado como alvo para novos medicamentos contra doenças neurodegenerativas.

Tratamento de câncer pode afetar o cérebro



Tratamento de câncer pode afetar o cérebroOutubro é o mês mundial da prevenção do câncer de mama. Surgido há mais de dez anos na nos Estados Unidos, o Outubro Rosa foi o mês escolhido para fazer ações e divulgações conscientizando e mobilizando a sociedade para o combate à doença. Desde então vários outros países vem aderindo ao movimento. No Brasil, durante todo esse mês, diversos eventos vão colorir de cor-de-rosa importantes pontos do país para alertar a população sobre a importância da mamografia periódica para todas as mulheres com mais de 40 anos.
Ações de conscientização são muito importantes já que a doença atinge todo ano por volta de 50 mil mulheres no Brasil e é a causa mais freqüente de morte por câncer em mulheres, de acordo com dados doInstituto Nacional do Câncer (Inca). Se diagnosticada precocemente, a doença tem 100% de chance de ser curada e é por isso que a prevenção e os exames são tão fundamentais.
Estudos indicam que até um terço das sobreviventes do câncer de mama relatam dificuldades com atenção, memória e raciocínio, o que representa uma piora na qualidade de vida após o tratamento. As causas dessa deterioração nas habilidades cerebrais ainda não são claras, mas terapias cognitivas que estimulam essas habilidades podem auxiliar na recuperação.
Originalmente, pesquisadores acreditavam que esses sintomas identificados em vários tipos de câncer eram um efeito colateral da quimioterapia – um tratamento que utiliza drogas para encolher ou destruir células cancerígenas e tumores – e, por isso, batizaram essa condição de “quimiocérebro”. Porém, sobreviventes que nunca fizeram quimioterapia relatavam lapsos cognitivos semelhantes.
Uma revisão da literatura revela que trata-se de uma situação complexa e que fatores além da quimioterapia podem afetar a cognição, como anestesia, cirurgia, terapia hormonal, menopausa, ansiedade, depressão, fadiga, medicamentos, predisposição genética, etc. Por isso, alguns pesquisadores propõem que esse fenômeno seja denominado de “alteração cognitiva associada ao câncer ou à terapia de câncer”.
Apesar da causa deste fenômeno ser desconhecida, seus efeitos podem durar poucas semanas ou vários anos, dependendo da pessoa. Essa redução de desempenho do cérebro pode ter um efeito sobre a habilidade do paciente de tomar decisões sobre o tratamento, atingir objetivos profissionais ou acadêmicos, e sobre sua qualidade de vida como um todo. Além do uso de medicamentos específicos, intervenções complementares como a terapia cognitivo-comportamental podem ajudar a aliviar os sintomas e, nesse sentido, o programa de treinamento do Cérebro Melhor pode ser um ótimo aliado.