segunda-feira, 18 de julho de 2011

Marvin Minsky on health and the human mind | Video on TED.com

Marvin Minsky on health and the human mind | Video on TED.com
Gaguez infantil

Gaguez infantil

Será um problema?



Os pais deverão lidar com a gaguez dos seus filhos de uma forma extremamente natural, sem preocupações exageradas e, se acharem conveniente, deverão consultar um terapeuta da fala.

No nosso dia-a-dia, utilizamos a linguagem como meio de comunicação, isto é, transmissão de pensamentos, ideias ou sentimentos. Mas muitas vezes essa transmissão pode dar-se de forma deficitária, o que significa que existe algum tipo de dificuldade de linguagem. A gaguez é precisamente uma dificuldade de linguagem que pode ser identificada na idade pré-escolar mas, normalmente, desaparece na adolescência, dependendo da relevância que se lhe atribui. Os pais deverão lidar com a gaguez dos seus filhos de uma forma extremamente natural, sem preocupações exageradas e, se acharem conveniente, deverão consultar um terapeuta da fala.

A gaguez é gerada e agravada por alterações emocionais como medos, traumas, frustrações ou humilhações

O que é a gaguez infantil?
A gaguez é um transtorno linguístico, um distúrbio da linguagem, que corresponde a uma comunicação confusa e, frequentemente, mal compreendida. Desenvolve-se sensivelmente entre os dois e os seis ou sete anos de idade, sendo a sua maior incidência por volta dos cinco anos. A criança gaga apresenta repetições, pausas e bloqueios na reprodução de sons e fragmentos de palavras, bem como uma desorganização entre o acto de pensar e falar. Verifica-se também uma alteração a nível da respiração que se torna descontrolada, fraca coordenação dos músculos envolvidos na produção da fala, tremores incontrolados dos lábios ou da língua e acompanhamento da fala com tiques. Ao tentar utilizar estruturas linguísticas mais complexas, é frequente verificar-se na criança o fenómeno de gaguez, que tende a diminuir e desaparecer quando o desenvolvimento linguístico melhora. É extremamente vulgar uma criança repetir sons ou palavras e ter bloqueios ao discursar. Os pais deverão encarar tal facto com naturalidade pois, caso contrário, poderão vir a desenvolver gaguez. Como tal, a gaguez infantil pode ser considerada como uma situação transitória ou, por outro lado, tornar-se num problema permanente.

O ambiente familiar também poderá ser um propulsionador de gaguez infantil

Causas da gaguez infantil
São várias as causas ou factores existentes para o aparecimento da gaguez na infância e, muitas ainda estão por se descobrir. Devido a isto, torna-se difícil estabelecer um diagnóstico fidedigno. Uma causa apontada para a gaguez infantil é a pressa que a criança manifesta ao querer pronunciar-se. O seu desejo para falar e ser ouvida é tão forte que começa a discursar de forma demasiadamente rápida, acabando por originar bloqueios e repetições. Muitas vezes, tanto os pais como os educadores ou professores valorizam demais estes sintomas, o que acaba por criar uma forte ansiedade por parte da criança. Esta, ao se aperceber da preocupação manifestada pelos adultos, fica com receio de falar, tornando-se o seu discurso deficitário e pouco perceptível, conduzindo à gaguez propriamente dita. Pode-se constatar que a gaguez é gerada e agravada por alterações emocionais como medos, traumas, frustrações ou humilhações, para além da ansiedade já referida. Para além das emoções, que podem gerar um desequilíbrio interno, mas também um susto pode afectar uma criança de modo a que fique gaga.
O ambiente familiar também poderá ser um propulsionador de gaguez infantil. Se por um lado há os pais que oferecem aos seus filhos uma educação mais permissiva, flexível e negligenciada, por outro lado há aqueles que são demasiado rígidos e exigentes.
Ambas as educações poderão gerar crianças gagas. Como factores biológicos podem ser apontadas lesões cerebrais, alterações da coordenação neuromuscular e ainda uma componente hereditária e genética, visto que se verificam outros casos de gaguez na família.

Cante com o seu filho ou recite versos, uma vez que todas as crianças gostam e reagem bem a tudo o que é entoado com ritmo

Consequências da gaguez infantil
Quase todas as crianças gagas apresentam percepções e sentimentos negativos relacionados com a sua gaguez, contudo a capacidade para gerir esses sentimentos depende da personalidade da criança e também do apoio que lhe é prestado. A criança pode sentir vergonha por ser diferente das outras, frustração por ser incapaz de comunicar de forma eficaz e clara com os outros e culpa pelo facto da sua condição limitar o ser desempenho, tanto a nível pessoal, como a nível social. A sua ansiedade é demasiado alta, sobretudo aquando da comunicação, o que a poderá deixar deprimida, como tal, a estratégia que ela adopta é comunicar o menos possível com os outros. Estas crianças poderão vir a desenvolver uma baixa auto-estima, sentindo-se muito inferiores e diferentes dos seus colegas e amigos, o que poderá provocar o seu isolamento. A criança gaga acaba por se afastar das outras crianças ou, por outro lado, estas discriminam-na e acabam por não a incluir nos grupos e nas brincadeiras. O rendimento escolar poderá alterar-se, começando a criança a apresentar fracos resultados escolares.

A criança não deverá ser rotulada e, como tal, jamais deverá chamar gago ao seu filho, mesmo que seja a brincar

Estratégias para lidar com crianças gagas
As estratégias que são apresentadas em seguida deverão ser adoptadas pelos pais, contudo também os educadores e professores as poderão ter em consideração:
Não demonstre ao seu filho que se sente preocupada com a sua dificuldade de comunicação;
Não exiba gestos ou expressões faciais representantes do seu pânico face à incapacidade do seu filho em pronunciar determinados sons ou palavras;
A criança não deverá ser rotulada e, como tal, jamais deverá chamar gago ao seu filho, mesmo que seja a brincar;
Enquanto o seu filho discursa, olhe-o nos olhos, demonstrando-lhe que está interessado em ouvi-lo;
Fale calmamente como seu filho e demonstre que tem tempo para ouvir a sua resposta. Jamais a deverá pressionar a falar;
Não tente adivinhar aquilo que o seu filho tem para dizer, interrompendo-o para o ajudar a “terminar” palavras ou completar frases. Isso só o irá fazer sentir ainda mais frustrado;
Aumente o vocabulário e a capacidade de expressão do seu filho através da leitura de histórias;
Cante com o seu filho ou recite versos, uma vez que todas as crianças gostam e reagem bem a tudo o que é entoado com ritmo;
Junto do seu filho, adopte técnicas de relaxamento corporal, ao mesmo tempo que ouvem uma música mais clássica, por exemplo;
Não seja super protector com o seu filho, contudo, não o exponha a situações que lhe provoquem ansiedade;
Quando a gaguez se tornar num problema, procure a ajuda de um terapeuta da fala.

A criança poderá vir a desenvolver uma baixa auto-estima, sentindo-se muito inferior e diferente dos seus colegas e amigos, o que poderá provocar o seu isolamento

Sapo Familia

Quando nem tudo corre bem…  Algumas doenças congénitas que podem afectar o seu bebé

Quando nem tudo corre bem… Algumas doenças congénitas que podem afectar o seu bebé

As doenças congénitas existem mas são raras. Nenhuma mãe quer pensar na ideia de que o seu bebé pode nascer com alguma malformação, mas infelizmente os casos são reais. Conheça algumas das deficiências congénitas, porque acontecem e como tratá-las.



Existem vários motivos que podem levar um bebé a desenvolver uma doença congénita: alguns têm causas genéticas, outros são ambientais, tais como o uso de drogas ou infecções que tenham afectado o feto. A boa notícia é que cada vez mais é possível detectar as doenças antes do nascimento e assim tratá-las com sucesso logo após o seu bebé nascer.

Pé boto

Sem dúvida que é das doenças mais conhecidas pelas mães. O pé boto afecta 1 a 8 recém-nascidos em cada 1000 e designa anormalidades do pé, provocadas por várias deformações. Acontece duas vezes mais aos rapazes do que às raparigas. O bebé nasce com a planta de um pé ou dos dois virada para baixo e para dentro ou para cima e para fora. O objectivo do tratamento é tornar o pé do bebé funcional, de aspecto normal e sem dores, para que possa andar e correr sem problemas. O pé será manipulado durante vários meses e fixo com gesso na posição certa durante as manipulações. Em último caso, pode proceder-se à cirurgia para resolver a malformação. O pé boto pode derivar de uma espinha bífida.

Espinha Bífida

Mais rara e pouco conhecida pelos pais, a espinha bífida pode ser detectada durante a gravidez através da ecografia. Tomar ácido fólico antes da concepção e durante o período de gravidez pode ajudar a prevenir esta deficiência.

A gravidade da espinha bífida é variável, mas é um problema de saúde que provoca um grande desgaste emocional, físico e financeiro. A doença ocorre quando o tubo neural (designação para a espinha em desenvolvimento), não se funde correctamente no início da gravidez, deixando expostas as meninges (revestimentos do encéfalo e da medula espinhal). A parte afectada pode apresentar sinais externos tais como um tufo de pêlos ou uma covinha; ou na forma mais grave a própria medula espinhal ficar protuberante em carne viva.

Afecta o funcionamento do sistema nervoso central, atacando a sensibilidade e a mobilidade das pernas, sendo que uma grande percentagem dos bebés com espinha bífida acaba por sofrer de hidrocefalia em algum grau. Nos casos mais graves, os bebés podem sofrer de uma paralisia completa dos membros inferiores, incontinência dupla e atraso mental. A incontinência urinária pode ser ajudada com a inserção de um cateter e a fisioterapia é essencial para desenvolver a mobilidade. O tratamento passa sempre pela cirurgia. As complicações são variadas e os problemas resultantes desta doença são graves e múltiplos. Depressões, impotência, obesidade, dificuldades de locomoção, problemas psicológicos são algumas das complicações. O acompanhamento é feito a nível multidisciplinar de modo a assegurar um apoio completo ao paciente. Até há pouco tempo, a doença não permitia a sobrevivência à idade adulta. Por isso, as equipas médicas que assistem estas crianças são essencialmente pediátricas.

Hidrocefalia

Designada igualmente por cabeça de água, a hidrocefalia ocorre muitas vezes associada à espinha bífida. É uma doença rara, causada por uma obstrução ao fluxo do líquido cefalorraquidiano (LCR), que protege o cérebro e a espinal-medula de lesões; ou por uma acumulação deste nas cavidades encefálicas. Os bebés com hidrocefalia não têm a capacidade de drenar o LCR. A cabeça incha porque os ossos são ainda moles, e os tecidos entre os ossos cranianos e as fontanelas ficam salientes. Crianças com esta doença congénita têm dificuldades de aprendizagem, problemas de visão, de concentração e de raciocínio. No caso de se suspeitar de hidrocefalia ainda durante a gravidez, serão realizadas ecografias frequentes e o perímetro cefálico do feto será medido de três em três dias. Se o bebé nascer com a doença, pode-se recorrer à cirurgia, sendo introduzido um dreno para tirar o excesso de LCR, permitindo que este passe para a corrente sanguínea. No entanto, este tratamento não cura a hidrocefalia, nem repara os danos por ela causados. É verdade que esta rara doença congénita afecta o desenvolvimento mental do bebé, mas existem crianças com hidrocefalia avançada que têm inteligência dentro dos parâmetros normais.

Luxação da anca

A luxação da anca, mais conhecida por displasia do desenvolvimento da anca, acontece quando a cabeça da extremidade do fémur não encaixa perfeitamente no acetábulo do osso da anca. Dadas as condições que actualmente existem para fazer o rastreio, é muito raro não se detectar uma luxação da anca precocemente. Esta situação acontece aquando do nascimento do bebé e pode acarretar complicações ao seu bom desenvolvimento. É mais comum nas raparigas do que nos rapazes e pode surgir após um parto de quadris ou uma gravidez em que existia uma pouca quantidade de líquido amniótico no útero.

Após o nascimento, serão efectuados testes à anca do bebé, de modo a verificar a sua mobilidade. Se esta for excessiva, serão colocadas talas, de modo a corrigir a situação. Nos casos mais graves, procede-se à cirurgia.

Lábio leporino

No início da gravidez, a face e a cabeça desenvolvem-se individualmente, unindo-se depois. Quando essa união não se dá ou é incompleta, o bebé pode nascer com um lábio leporino ou com uma fenda palatina. Por vezes, a amamentação pode fazer-se recorrendo a uma tetina de protecção. A situação não é grave. O lábio pode ser fechado pouco depois ou ao fim de algumas semanas. O palato é fechado mais tarde, por volta dos nove meses. É possível que uma só operação não corrija a malformação. A criança poderá ter de receber apoio na fala.

As doenças congénitas são uma realidade. Por muito que os pais desejem de todo o coração que o seu filho nasça perfeito, por vezes, isso não acontece. É preciso encarar a situação com força e muito amor. O seu bebé vai precisar ainda mais de si. A maior parte das doenças tem um tratamento e a cada dia que passa novas descobertas científicas são anunciadas. Não perca a coragem! As dificuldades porque passam juntos servem apenas para os unir mais. E o seu filho tem a grande sorte de ter uma mãe que o ama tanto...

Texto: Cláudia Pinto Revisão científica: Dr. Armando Fernandes, pediatra do Centro Pediátrico de Telheiras



Surdez infantil

Surdez infantil

Do rastreio ao tratamento



A 26 de Setembro comemora-se o Dia Mundial do Surdo. Para assinalar a data, damos destaque nesta edição a esta anomalia congénita que está presente em dois a quatro de cada 1000 recém-nascidos, com diferentes graus de severidade (de ligeira a profunda ou total). Conheça os sinais de alerta e as recomendações dos especialistas.

As formas de surdez reversíveis podem conduzir a uma recuperação completa com o tratamento adequado

O nascimento de uma criança com deficit auditivo é sempre um acontecimento de enorme apreensão para uma família mas que deve ser analisado com toda a atenção. Acima de tudo, é fundamental explicar que “a surdez não é uma deficiência intelectual e que essa criança seguirá um programa de acompanhamento e as intervenções terapêuticas que lhe permitirão a integração com sucesso numa sociedade maioritariamente estruturada para os ouvintes”, esclarece o otorrinolaringologista Fernando Vilhena de Mendonça. Destaque para o papel da família na estimulação sensorial, na aprendizagem das técnicas de desenvolvimento e acima de tudo é importante esclarecer quais as diferentes alternativas que a ciência e a tecnologia disponibilizam para melhorar essa condição. “Apesar de, no nosso país ainda nos encontrarmos muito longe da satisfação das necessidades, existem diferentes estruturas que apoiam e orientam o desenvolvimento destas crianças. Destacam-se as Unidades de Surdos (US) e as instituições públicas – que têm como objectivo apoiar as crianças surdas em idade escolar, facultando-lhes apoio pedagógico, terapia da fala, promovendo também o ensino da língua gestual portuguesa, a língua oficial do surdo”, adianta o especialista.

Sinais de alerta
Podem surgir sintomas a que os pais devem estar atentos, como por exemplo, “a pouca reactividade ao som, a diminuição da frequência do palrar ou da sua entoação depois dos seis meses, o atraso no desenvolvimento da linguagem, o pedir para repetir (“Oquê? Ãh?”), colocar o volume da TV muito alto, ter discurso difícil de entender pelos pais aos três anos ou para desconhecidos aos quatro”, salienta Filipe Glória e Silva. Os pais são quem melhor conhece as crianças e as suas suspeitas devem ser sempre levadas a sério. E porque as boas notícias devem ser destacadas, saiba que “a maioria dos défices auditivos em crianças é benigna e transitória, estando relacionados com otites seromucosas recorrentes e são geralmente tratáveis e reversíveis. A surdez neurossensorial, afectando a parte mais sensível do aparelho auditivo, é mais rara mas é, em geral, irreversível e, nos casos severos, tem grandes repercussões na vida da criança. ” 50 % dos casos de surdez irreversível são hereditários, havendo outros casos que resultam de infecções no útero materno como a rubéola. “Outras situações resultam de infecções como a meningite, as infecções virais e os medicamentos tóxicos para o ouvido”, adianta o otorrinolaringologista. As crianças prematuras e de baixo peso, têm maior risco de sofrer de surdez irreversível.

“Uma boa audição é essencial para o desenvolvimento equilibrado da cognição, da oralidade da língua, da escrita e do relacionamento social e afectivo da criança”.

Desenvolvimento especial
De facto, uma boa audição é essencial para o desenvolvimento equilibrado da cognição, da oralidade da língua, da escrita e do relacionamento, social e afectivo da criança. “Sem uma intervenção adequada e precoce, a surdez congénita e a adquirida na infância, tem como consequência, déficits significativos em todas estas áreas de relacionamento, baixa literacia e auto-estima”, alerta Fernando Vilhena deMendonça. As crianças que ficaram surdas antes da aquisição de linguagem vão passar por um condicionamento major ao nível da aprendizagem. “A surdez afecta necessariamente o desenvolvimento da linguagem oral numa extensão que depende da sua gravidade. Por isso, deve haver um investimento na linguagem escrita e noutras formas de comunicação como a língua gestual e a leitura orofacial (leitura dos lábios)”, acrescenta o Dr. Filipe Glória e Silva, pediatra do desenvolvimento do Hospital CUF-Descobertas.
A surdez ligeira pode manifestar-se de forma mais subtil com dificuldade na atenção e problemas de comportamento. As formas de surdez reversíveis podem conduzir a uma recuperação completa como tratamento adequado.

O processo de confirmação do diagnóstico da surdez deverá estar completo até aos três meses de idade

Recomendações aos pais
Perante um diagnóstico de deficiência auditiva ou de surdez, é normal que os pais se sintam absolutamente desorientados. “É importante aconselhar-se com profissionais experientes nesta área, de modo a caracterizar a causa, o tipo e a gravidade da surdez, verificar se existem outros problemas associados e estabelecer um plano de intervenção e de seguimento precoces. Podem também procurar saber mais sobre a surdez através de diversas fontes e entrar em contacto com a associação de surdos da sua zona”, adianta o pediatra. Por outro lado, tem havido um grande desenvolvimento de aparelhos auditivos, cuja escolha depende da idade e das características da criança. “Em geral, requerem períodos de adaptação e ajustamentos. São dispositivos que amplificam e processam o som e o transmitem da forma mais conveniente ao nervo auditivo, para que a informação auditiva possa chegar ao cérebro”, salienta Filipe Glória e Silva. Nos primeiros meses, estes bebés, como todos os outros, precisam sobretudo de muito afecto e disponibilidade dos cuidadores para a interacção.

Rastreio auditivo neonatal
O Grupo de Rastreio e Intervenção da Surdez Infantil (GRISI) constituído em 2005 por otorrinolaringologistas, pediatras, audiologistas, enfermeiros e outros profissionais de saúde tem vindo a recomendar a implementação do intitulado Rastreio Auditivo Neonatal Universal (RANU). O objectivo é que “todas as crianças com défice auditivo congénito sejam identificadas antes dos três meses de idade e seja iniciada intervenção adequada até aos seis meses”, afirma o Dr. Fernando Vilhena de Mendonça, otorrinolaringologista. Todas as crianças devem ser testadas ao nascer ou, no máximo, até trinta dias de vida. “A metodologia a utilizar deve detectar todas as crianças com perda auditiva igual ou superior a 35 dB HL no melhor ouvido. Quando uma perda auditiva for identificada, deve proceder-se de imediato ao diagnóstico e à criação de uma estratégia de acompanhamento e de intervenção precoce. O processo de confirmação do diagnóstico da surdez deverá estar completo até aos três meses de idade”, esclarece o especialista.
A perda auditiva pode ocorrer após o nascimento, sendo de grande importância a sensibilização para a detecção precoce destes casos. “Se houver suspeita, deve consultar-se um especialista e proceder a testes de despistagem”, reforça Fernando Vilhena de Mendonça. Quando a intervenção se inicia antes dos 6 meses após um adequado diagnóstico, são conferidos melhores resultados ao nível escolar, defendem os especialistas.

Sapo Familia.


Implante coclear bilateral

Implante coclear bilateral

A importância da precocidade da intervenção



O desenvolvimento da habilidade de perceber os sons da fala por parte do indivíduo portador de deficiência auditiva sensório-neural é um desafio para todos os profissionais envolvidos na área da (re)habilitação auditiva.

“A deficiência auditiva severa/profunda afecta profundamente vários aspectos da vida do indivíduo, inclusivamente o seu equilíbrio emocional e convívio social”

Os indivíduos que possuem a função auditiva normal têm acesso aos estímulos auditivos pelas duas vias auditivas. As crianças que apresentam função auditiva normal conseguem aceder, desde antes do seu nascimento, aos estímulos auditivos. Após o nascimento, e inseridas num meio linguístico rico, elas acedem aos sons da fala da sua língua materna e dessa forma tornam-se utilizadores competentes da linguagem oral, desde que não se verifiquem outras patologias que possam interferir com o desenvolvimento adequado da mesma. Os mecanismos fisiológicos da audição são responsáveis por diversos mecanismos que envolvem os processos de: atenção selectiva, detecção de som, discriminação, localização, reconhecimento (padrões de intensidade, frequência e duração), compreensão e memória. Todos estes processos são essenciais para um adequado desenvolvimento auditivo e linguístico.
Quando a função auditiva apresenta alterações, o desenvolvimento da linguagem, quer a nível da compreensão quer da expressão, será afectado por esse facto. O desenvolvimento da habilidade de perceber os sons da fala por parte do indivíduo portador de deficiência auditiva sensório-neural é um desafio para todos os profissionais envolvidos na área da (re)habilitação auditiva. A relação comunicativa humana assenta de forma muito significativa na linguagem oral, e a audição apresenta um papel fundamental nesse âmbito.

Quando a função auditiva apresenta alterações, o desenvolvimento da linguagem, quer a nível da compreensão quer da expressão, será afectado por esse facto

Novos desafios
Diversos trabalhos realizados demonstram a preocupação dos profissionais em melhorar a qualidade da percepção e produção da fala das pessoas com deficiência auditiva. A deficiência auditiva severa/profunda afecta profundamente vários aspectos da vida do indivíduo, inclusivamente o seu equilíbrio emocional e convívio social. As dificuldades que surgem como consequência da deficiência auditiva nem sempre são adequadamente encaradas, havendo frequentemente outros diagnósticos concomitantes realizados de forma desadequada.
A deficiência auditiva severa/profunda danifica ou diminui o número de células ciliadas cocleares, dificultando ou diminuindo o benefício obtido com próteses auditivas electro-acústicas, tornando-os candidatos a implante coclear.
O implante coclear é um dispositivo electrónico composto por duas partes: componentes internos (implantados cirurgicamente a nível do ouvido interno) e componente externo (processador da fala). Este dispositivo permite aos seus utilizadores o acesso aos sons da fala, após (re)habilitação adequada. Este método de reabilitação é já uma certeza, contudo novos desafios são lançados.
A adaptação bilateral de próteses auditivas electroacústicas na reabilitação auditiva de crianças portadoras de deficiência auditiva é o procedimento consensual e recomendado por todos os especialistas. Diversos estudos referem que estes pacientes sentem o som como sendo mais natural, têm menor dificuldade em compreender em situações com ruído em competição e melhoram as suas capacidades de orientação e localização da fonte sonora. Tudo isto tem implicações positivas no seu dia-a-dia, melhorando, em última análise, a sua auto-confiança e auto-estima. De igual modo, a bilateralidade também deverá ser o procedimento a seguir quando se fala de reabilitação através de implante coclear.
As investigações suportam a existência de melhores resultados com a implantação coclear bilateral. Para além disso, não se pode deixar de colocar a tónica na precocidade da intervenção, fundamental para facilitar e tornar mais natural a aquisição e desenvolvimento da linguagem nestas crianças, bem como para contribuir para o seu desenvolvimento global mais harmonioso.

As crianças que apresentam função auditiva normal conseguem aceder, desde antes do seu nascimento, aos estímulos auditivos

Primeira cirurgia de implante coclear bilateral simultâneo
Dr. João Paço Director do Centro de Otorrinolaringologia do Hospital cuf infante Santo
O Serviço de Otorrinolaringologia do hospitalcuf infante santo realizou a primeira cirurgia de implante coclear bilateral simultâneo, em Portugal, numa criança de 7 meses de idade, que sofria de surdez profunda bilateral.
“Esta técnica cirúrgica pioneira, em Portugal, numa criança desta idade, vai permitir devolver a audição e o desenvolvimento da fala na criança, que de resto se encontra bem de saúde. O procedimento consiste na colocação de dois implantes cocleares, em simultâneo, nos dois ouvidos, por forma a melhorar o desempenho auditivo”, explica o médico João Paço.

Sapo Familia