domingo, 8 de maio de 2011

BARULHOS DO BEM

Barulhos do bem

Na hora de dormir, seu bebê precisa de todo o silêncio do mundo para conseguir enveredar no mundo dos sonhos, certo? Errado! Nem sempre é assim. Muitos bebês gostam de barulhos da natureza como chuva, rios ou mares, além de sons de pássaros ou do vento soprando levemente sobre a folhagem.

Existem crianças que não têm problema algum para dormir, mas muitas delas acabam sendo afetadas pelos barulhos alheios, o que acaba trazendo noites mal dormidas para pais e filhos. Se seu bebê não dorme bem, ninguém consegue dormir direito também, não é mesmo?

Os barulhos do mundo moderno não param nem durante a noite e fazer com que todos eles interrompam só para seu bebê dormir parece ser impossível. Mas, enquanto sons de música instrumental lenta, sons da natureza ou qualquer emissão de sons calmantes ajudam nossos pequenos a relaxar, só um acaba com a interferência de todo barulho ao redor, trazendo um sono sem interrupções, o barulho branco.

Mas o que é barulho branco? É um barulho que nasceu da junção de todas as frequências de barulhos existentes, somando cerca de 20.000 sons. Quando este som é emitido, anula qualquer outro que insista em perturbar aquela cena angelical que é a do seu bebê dormindo tranquilamente.

Este ruído é similar ao das TVs antigas quando não conseguiam sintonia. Você pode achá-lo em aparelhos próprios para a emissão deste tipo de som ou em MP3 para downloads gratuitos ou pagos na internet. Ele também pode vir puro ou misturado a sons calmantes como os da natureza. Vale a pena tentar! Espero que esta dica ajude a afastar os vizinhos barulhentos, ou pelo menos o som deles. Boa sorte!


DESMAME


    Desmame


Especialista discute as saídas para um desmame saudável e natural, sem sequelas para a mãe e o bebê. Confira!

A professora Carolina Santana, paulista de 38 anos, adorou curtir todas as etapas de sua gravidez e o esplendor do nascimento de seu filho Caio, hoje com sete anos. Na época, uma de suas maiores expectativas era com relação à amamentação. A mestre em filosofia queria fazer tudo como os médicos prescreviam e seguir a recomendação do Ministério da Saúde: amamentação exclusiva até os seis meses e complementada até os dois anos podendo estender-se. Quem mais gostou da iniciativa foi Caio, que não queria largar o seio da mãe até quase chegar aos seus quatro anos. Ao completar dois anos, a filósofa já vivia o paradoxo de não querer interromper a amamentação e voltar ao mercado de trabalho, mas diante das dificuldades para parar, ela resolveu seguir com o aleitamento materno. “Foi uma escolha maravilhosa, mas com isso demorei a voltar a me dedicar à profissão que tanto estudei para seguir e a me estabilizar financeiramente”, aponta.

Já a produtora cultural Ana Lima Sampaio, carioca de 32, mãe de Rosa, fez a mesma coisa até a filha completar 15 meses, quando recebeu uma proposta de trabalho irrecusável e optou por parar quase bruscamente. “No início tentei conciliar, mas depois ficou insustentável, o trabalho era muito intenso e não dava mais para acordar nas madrugadas, nem oferecer o seio naquele soninho da tarde. Achei melhor parar de uma vez”, conta. Mas o processo não foi fácil e a produtora chegou a consultar um médico e até outras mães, sem sucesso. “Ela chorava sentindo falta, meu seio doía muito e não parava de inchar, essas dificuldades ainda somavam-se a um vazio e uma tristeza imensa de minha parte. Parecia que eu tinha entrado numa depressão junto com minha filha. Eu andava estressada e ela agressiva”, relata.

As dificuldades dessas mães permeiam salas de consultório, pátios de creches e em todos os redutos de papo de mãe sempre se escutam os mais diversos relatos sobre o processo de desmame. A dificuldade para voltar ao trabalho, bebês que mordem o seio, bebês que mamam durante toda a madrugada e até receitas estranhas são mencionadas a todo tempo. É comum ver nos fóruns de diversos sites direcionados, mães contando suas dificuldades neste momento e outras indicando o uso de pimenta, café, esparadrapo e outros aditivos para ajudar a “cortar” o aleitamento materno. A importância da amamentação é inquestionável, porém o processo de desmame é alvo de questionamentos, incertezas e discordâncias. Por isso, nossa equipe foi procurar um especialista no assunto para ajudar as mães nesta hora e descobri, por exemplo, que um banco de leite é o melhor lugar para se procurar e que só um médico especializado em amamentação pode ajudá-la. Além disso, deve-se ficar alerta, pois há riscos para a mãe e para o bebê.

Confira a entrevista com o Prof. Dr. Valdecyr Herdy Alves, coordenador do Banco de Leite Humano de Hospital Universitário Antônio Pedro da UFF e presidente da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (ABENFO).

Portal Absoluta - Quando é a hora de parar a amamentação?

Dr. Herdy - A amamentação é o último momento do período gravídico puerperal (concepção, gestação, parto - nascimento e puerpério), onde a mulher e bebê vivenciam a troca fisiológica do processo de nascimento, regados de hormônios como, por exemplo, a ocitocina que favorece em muito a criação do vínculo e a sensação de bem estar entre mãe e filho. Hoje temos como norte para o momento de realizar a transição da amamentação para a comida caseira, seguindo as orientações do Ministério da Saúde, o aleitamento até os seis meses exclusivamente e, a partir daí manter até dois anos complementando com a alimentação da própria família. Assim, quando devemos parar de aleitar? Na verdade, é um processo vivenciado a dois, mãe e filho, e deve ser construído de forma a não trazer prejuízos para ambos. Após os seis messes a mulher deverá implementar os alimentos de forma prazerosa para o bebê, iniciando o desmame gradativamente. Esse processo não é fácil, porém hoje temos os bancos de leite humano que trabalham dando esse apoio às mulheres no processo de desmame natural.

Portal Absoluta - E como é feito este auxílio?

Dr. Herdy- Onde atuo, orientamos o uso de um trabalho lúdico com a criança, ajudamos a esvaziar o seio para evitar uma possível mastite e guiamos a mãe nos procedimentos usados e na questão psicológica de ambos.

Portal Absoluta - Como fazer da forma mais natural?

Dr. Herdy - A forma mais natural é na relação construída entre mãe e filho, onde o processo de amamentação vivenciado de forma prazerosa dará possibilidades da mulher, após os seis meses, iniciar a alimentação de papas para a descoberta de novos sabores pelo seu bebê. Esse processo é natural, não é necessário usar artifícios como perfume nas mamas ou outros produtos para inibir o desejo do bebê, isso é perverso, pois a frustração do bebê será grande. Nestes casos, temos hoje profissionais de saúde capacitados para trabalhar com esse processo de desmame, o banco de leite humano tem um papel muito efetivo neste momento. Não estamos lá para incentivar o desmame, mas para auxiliar quando ele se impõe, para que ele seja feito da melhor maneira possível.

Portal Absoluta - Como vê o uso de aditivos no seio (café, pimenta, esparadrapo)? Que danos eles podem causar?

Dr. Herdy - O uso desses aditivos são crendices, não ajudam e não trazem beneficio nenhum para a mulher e nem para o seu bebê e, ao contrário, podem trazer prejuízos como as infecções mamárias e bucal nos bebês.

Portal Absoluta - Que conselhos dar a uma mãe que precisa diminuir ou cessar bruscamente a amamentação por motivos profissionais ou qualquer outro?

Dr. Herdy - Neste caso, é necessário um apoio do banco de leite ou de um profissional de saúde especializado em amamentação, pois os prejuízos poderão ser grandes para a vida do bebê, é necessário um trabalho de desmame onde a frustração não seja vivenciada tanto pela mãe como pelo bebê. Hoje temos técnicas que facilitam esse processo emergencial do desmame, temos várias possibilidades, o mais importante é criar um ajuste para que ambos não sofram com essa situação.

Portal Absoluta - Quais são os impactos psicológicos para a mãe e para o bebê no desmame?

Dr. Herdy - Os impactos são vários, porém o maior é a frustração que se institui na mulher e no bebê. Essa carência vivenciada em especial pelo bebê traz correlações para toda a vida desta criança, estudos científicos descrevem, por exemplo, a agressividade infantil como uma das possibilidades do desmame precoce.

Portal Absoluta - Existe alguma espécie de "depressão pós-amamentação" que caracteriza a sensação de vazio ao término da amamentação?

Dr. Herdy - Sim. Algumas mulheres apresentam dificuldades em realizar o desmame, por várias questões vivenciadas, uma delas é a carência afetiva que se dá. Deixar de dar o seio é vivenciar o distanciamento fisiológico de nutrir sua cria, é a segunda separação real vivida pela mulher, primeiro o nascimento e segundo o desmame.

Prof. Dr. Valdecyr Herdy Alves