segunda-feira, 18 de julho de 2011


Quando nem tudo corre bem…  Algumas doenças congénitas que podem afectar o seu bebé

Quando nem tudo corre bem… Algumas doenças congénitas que podem afectar o seu bebé

As doenças congénitas existem mas são raras. Nenhuma mãe quer pensar na ideia de que o seu bebé pode nascer com alguma malformação, mas infelizmente os casos são reais. Conheça algumas das deficiências congénitas, porque acontecem e como tratá-las.



Existem vários motivos que podem levar um bebé a desenvolver uma doença congénita: alguns têm causas genéticas, outros são ambientais, tais como o uso de drogas ou infecções que tenham afectado o feto. A boa notícia é que cada vez mais é possível detectar as doenças antes do nascimento e assim tratá-las com sucesso logo após o seu bebé nascer.

Pé boto

Sem dúvida que é das doenças mais conhecidas pelas mães. O pé boto afecta 1 a 8 recém-nascidos em cada 1000 e designa anormalidades do pé, provocadas por várias deformações. Acontece duas vezes mais aos rapazes do que às raparigas. O bebé nasce com a planta de um pé ou dos dois virada para baixo e para dentro ou para cima e para fora. O objectivo do tratamento é tornar o pé do bebé funcional, de aspecto normal e sem dores, para que possa andar e correr sem problemas. O pé será manipulado durante vários meses e fixo com gesso na posição certa durante as manipulações. Em último caso, pode proceder-se à cirurgia para resolver a malformação. O pé boto pode derivar de uma espinha bífida.

Espinha Bífida

Mais rara e pouco conhecida pelos pais, a espinha bífida pode ser detectada durante a gravidez através da ecografia. Tomar ácido fólico antes da concepção e durante o período de gravidez pode ajudar a prevenir esta deficiência.

A gravidade da espinha bífida é variável, mas é um problema de saúde que provoca um grande desgaste emocional, físico e financeiro. A doença ocorre quando o tubo neural (designação para a espinha em desenvolvimento), não se funde correctamente no início da gravidez, deixando expostas as meninges (revestimentos do encéfalo e da medula espinhal). A parte afectada pode apresentar sinais externos tais como um tufo de pêlos ou uma covinha; ou na forma mais grave a própria medula espinhal ficar protuberante em carne viva.

Afecta o funcionamento do sistema nervoso central, atacando a sensibilidade e a mobilidade das pernas, sendo que uma grande percentagem dos bebés com espinha bífida acaba por sofrer de hidrocefalia em algum grau. Nos casos mais graves, os bebés podem sofrer de uma paralisia completa dos membros inferiores, incontinência dupla e atraso mental. A incontinência urinária pode ser ajudada com a inserção de um cateter e a fisioterapia é essencial para desenvolver a mobilidade. O tratamento passa sempre pela cirurgia. As complicações são variadas e os problemas resultantes desta doença são graves e múltiplos. Depressões, impotência, obesidade, dificuldades de locomoção, problemas psicológicos são algumas das complicações. O acompanhamento é feito a nível multidisciplinar de modo a assegurar um apoio completo ao paciente. Até há pouco tempo, a doença não permitia a sobrevivência à idade adulta. Por isso, as equipas médicas que assistem estas crianças são essencialmente pediátricas.

Hidrocefalia

Designada igualmente por cabeça de água, a hidrocefalia ocorre muitas vezes associada à espinha bífida. É uma doença rara, causada por uma obstrução ao fluxo do líquido cefalorraquidiano (LCR), que protege o cérebro e a espinal-medula de lesões; ou por uma acumulação deste nas cavidades encefálicas. Os bebés com hidrocefalia não têm a capacidade de drenar o LCR. A cabeça incha porque os ossos são ainda moles, e os tecidos entre os ossos cranianos e as fontanelas ficam salientes. Crianças com esta doença congénita têm dificuldades de aprendizagem, problemas de visão, de concentração e de raciocínio. No caso de se suspeitar de hidrocefalia ainda durante a gravidez, serão realizadas ecografias frequentes e o perímetro cefálico do feto será medido de três em três dias. Se o bebé nascer com a doença, pode-se recorrer à cirurgia, sendo introduzido um dreno para tirar o excesso de LCR, permitindo que este passe para a corrente sanguínea. No entanto, este tratamento não cura a hidrocefalia, nem repara os danos por ela causados. É verdade que esta rara doença congénita afecta o desenvolvimento mental do bebé, mas existem crianças com hidrocefalia avançada que têm inteligência dentro dos parâmetros normais.

Luxação da anca

A luxação da anca, mais conhecida por displasia do desenvolvimento da anca, acontece quando a cabeça da extremidade do fémur não encaixa perfeitamente no acetábulo do osso da anca. Dadas as condições que actualmente existem para fazer o rastreio, é muito raro não se detectar uma luxação da anca precocemente. Esta situação acontece aquando do nascimento do bebé e pode acarretar complicações ao seu bom desenvolvimento. É mais comum nas raparigas do que nos rapazes e pode surgir após um parto de quadris ou uma gravidez em que existia uma pouca quantidade de líquido amniótico no útero.

Após o nascimento, serão efectuados testes à anca do bebé, de modo a verificar a sua mobilidade. Se esta for excessiva, serão colocadas talas, de modo a corrigir a situação. Nos casos mais graves, procede-se à cirurgia.

Lábio leporino

No início da gravidez, a face e a cabeça desenvolvem-se individualmente, unindo-se depois. Quando essa união não se dá ou é incompleta, o bebé pode nascer com um lábio leporino ou com uma fenda palatina. Por vezes, a amamentação pode fazer-se recorrendo a uma tetina de protecção. A situação não é grave. O lábio pode ser fechado pouco depois ou ao fim de algumas semanas. O palato é fechado mais tarde, por volta dos nove meses. É possível que uma só operação não corrija a malformação. A criança poderá ter de receber apoio na fala.

As doenças congénitas são uma realidade. Por muito que os pais desejem de todo o coração que o seu filho nasça perfeito, por vezes, isso não acontece. É preciso encarar a situação com força e muito amor. O seu bebé vai precisar ainda mais de si. A maior parte das doenças tem um tratamento e a cada dia que passa novas descobertas científicas são anunciadas. Não perca a coragem! As dificuldades porque passam juntos servem apenas para os unir mais. E o seu filho tem a grande sorte de ter uma mãe que o ama tanto...

Texto: Cláudia Pinto Revisão científica: Dr. Armando Fernandes, pediatra do Centro Pediátrico de Telheiras


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